Porque grandes garotas não choram. Elas escrevem.

Decifra-me, ou te devoro

sexta-feira, 30 de novembro de 2012


I'm everything I am because you love me
Decifra-me, ou te devoro

Brena Lacerda: entre sonhos e paixões

Por Victória Amaral

Brena Lacerda Furtado Pereira. Um nome tão grande quanto o coração e a personalidade desta capricorniana que foge à regra, e é uma das pessoas mais íntimas da fantasia que esse mundo já viu nascer. Não gosta de manter os pés no chão, pois eles nasceram para voar. A realidade nunca a agradou porque seus sonhos são infinitamente mais bonitos. Apaixonada pela causa verde, apaixonada por séries, apaixonada pelas pessoas erradas, apaixonada por Portugal, apaixonada por si mesma... Apaixonada. A vida dessa menina-mulher é guiada por suas emoções, e sortudo – ou mentiroso – é aquele que já a viu tomando uma atitude pensada, pois para ela há muito a se fazer antes de estragar uma bela história.
Nascida em Barra Mansa no dia 29 de dezembro de 1992, Brena pode ser considerada uma pessoa verdadeiramente rara. Quem a conhece sabe bem que isso é verdade. Capaz de despertar paixões instantâneas e desafetos mais imediatos ainda, ela pode ser comparada ao sol, que é necessário à vida e ilumina a escuridão, mas que não permite muita aproximação: seja pelo excesso de luz, seja pela temperatura. Intensa ao extremo, possui uma alma genuinamente artística. Tudo nela dói demais, e seus dramas rebaixam qualquer sucesso da TV mexicana para um nível amador.
Talento nato
Logo na infância, parte da personalidade sensível foi canalizada na escrita. Brena é dona de inúmeros textos que parecem ter sido cuidadosamente elaborados, tamanha é a capacidade deles de tocar corações. Mas engana-se quem pensa assim. Ela escreve assim como vive. Apenas flui, deixa sair, não pensa, quando se deu conta já falou, quando percebeu já estava escrito. E o amor pelas letras anda acompanhado de sua compulsão por livros, nos quais ela imerge e só volta quando absorveu tudo aquilo que podia, mesmo que jamais utilize tais lições.
Espinhos
Brena não é das pessoas mais fáceis de lidar. Conviver com suas reações adversas e seu temperamento muitas vezes egoísta – porém, inócuo – pode ser cansativo. Entretanto, assim como ela mesma é bipolar, os sentimentos de quem a ama também podem ser. Vão da total irritação ao amor incondicional em segundos, rendidos por um sorriso angelical, um abraço carinhoso e o pedido de desculpas mais sincero que alguém pode receber. Quando não gosta de alguém, pode passar a gostar. A aspereza e o orgulho não fazem parte de seu cotidiano. Não é incomum vê-la pedindo perdão por algo que não fez, o que a torna ainda mais intrigante – e encantadora.
O patinho feio
Ela cresceu sob o conflito entre a beleza e o intelecto, assumindo por muito tempo o papel de “menina estranha” na escola, mas sem razão para sê-lo. Por mais que pense muito e seja extremamente esperta e de fácil aprendizado, Brena tem um lado feminino gritante, e que tardou muito a ser revelado. Na verdade, ela demorou a entender que as duas características não se anulam, apenas a tornam assim, tão peculiar. Brena é o tipo de mulher que um homem só encontra uma vez na vida, e, se não for idiota, trata logo de manter por perto. Ela não é só obviamente bonita: tem uma imensidão de amor para compartilhar e uma inteligência fora do comum, embora só goste de empregá-la naquilo que lhe desperta muito interesse.
Madre Brena
 Na psicologia, diz-se que uma mulher que enfrenta problemas de relacionamento paterno tem forte tendência a se interessar pelos pretendentes mais complicados possíveis. Essa teoria se aplica perfeitamente à Brena. Imagine a pessoa mais inacessível, complexa e esquisita de um grupo no qual ela está: no fim da noite, é por esse indivíduo que Brena estará atraída, e é sobre ele que ela vai falar pelo resto da semana – ou do mês. Ela acha que as pessoas são como cebolas, e precisam ser conhecidas camada por camada até que algo bom apareça. Portanto, não é raro vê-la andando de mãos dadas com o maior dos cafajestes ou com alguém que tenha um pequeno grau de autismo.
Como foi dito no início, ela valoriza e acredita cegamente no poder de seus sonhos. Por conta disso, às vezes Brena pode ser covarde. Ela prioriza relações que tem a enorme probabilidade de nunca acontecerem tão somente para conservar o sabor e a magia dos começos. Isso é, possivelmente, um mecanismo de autodefesa usado inconscientemente para evitar ao máximo se decepcionar, já que a dor faz parte intrínseca de sua trajetória. Amores do outro lado do oceano ou em outro estado deste país são aqueles que mais a animam.
Sonhos lusitanos
Talvez, “um peixe grande em um aquário pequeno” seja a metáfora que melhor define a atual situação de Brena Lacerda. O mundo que os livros apresentaram a ela não escapou de seu universo de desejos, e neste humilde Vale do Paraíba ela não caberá em breve. Ávida por aprender novas línguas, tem se dedicado ao inglês e já planeja dominar o espanhol. Mas o idioma que ela realmente precisa saber para desvendar todas as maravilhas de seu destino favorito é o seu, ironicamente.
A bela, a fera
Explicar toda a grandeza e magnitude desta pessoa em tão poucas palavras não é tarefa simples, pois Brena possui tantas e tão belas facetas que cada uma delas merece ser detalhada. Hoje, pode-se dizer que ela mesma não conhece todas. O seu universo particular possui tantas dimensões, personagens e castelos, que adentrar nele requer muito esforço e paciência. Talvez por isso ela ainda não tenha encontrado alguém capaz de fazê-lo legitimamente. Até porque não se encontra em qualquer lugar um príncipe corajoso, montado em um cavalo branco, munido de uma boa espada e disposto a enfrentar uma fera que traz pendurada em seu lindo pescoço a placa “Decifra-me, ou eu te devoro”.

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É humano o ser humano?

quarta-feira, 28 de novembro de 2012

Meu artigo publicado na edição de 29 de Novembro do Jornal Diário do Vale.


Seres humanos assustam, é verdade. A nossa é a única espécie neste vasto planeta cuja maldade e ganância parecem não ter fim. Somos os únicos que matamos outros animais por esporte, lazer ou hobby. Divertimo-nos com a destruição de famílias inteiras. Colecionamos corpos de pais que tiveram suas vidas interrompidas antes de poderem ensinar seus filhotes a voar. Vendemos por preços altíssimos a requintada vitela, retirada com crueldade dos bebês bovinos, cujo único crime foi terem nascido machos em empresas que apenas exploram o leite materno. O mesmo acontece nas granjas, com os pequenos recém-saídos dos ovos, que, ainda vivos, são atirados ao moedor por não terem utilidade para o criadouro. Ser a espécie dominante requer uma incrível perda daquilo que nós, ironicamente, chamamos de humanidade. 
Há pouco li uma triste reportagem sobre um babuíno que, de acordo com o jornal, atacava visitantes, na Cidade do Cabo, na África do Sul, para roubar comida. Fred, como os habitantes o chamavam, foi abatido com nada menos que 50 tiros pelas autoridades sul-africanas, e a população comemorou o feito. 
A população comemorou o assassinato – a sangue frio – de um ser vivo que queria apenas não morrer de fome. A tendenciosa reportagem vilanizava o animal como se ele pudesse responder pelos próprios atos, como se os ataques acontecessem por maldade do primata, e não por ser esta a única opção de sobrevivência que ele encontrou. 
A natureza é clara. Se lhe tiramos espaço, ela irá reivindica-lo cedo ou tarde. É assim com os desertos, é assim com os oceanos. A natureza sempre vai buscar uma forma de sobreviver às gananciosas investidas dos humanos. 
Fred teve seu habitat tomado, suas fontes naturais de sobrevivência e alimento foram destruídas – e, provavelmente, ninguém pensou no que fazer com os seres que dependiam daquela floresta para existir. Mas seu instinto de sobrevivência era forte, então ele se adaptou. Descobriu aonde encontrar comida e aprendeu a escolher o momento certo de pegá-la. Depois de perder sua casa, família e suas condições básicas de sobrevivência, nada é mais normal do que se tornar arisco. É preciso se defender dos predadores. E Fred aprendeu com a dor como a nossa espécie é a mais friamente predatória de todas. Logo, como qualquer um que entra no caminho dos interesses humanos, “ele precisou ser sacrificado porque representava um grande perigo às pessoas”. 
Quem representa perigo maior dentro deste planeta? Um babuíno que precisa sobreviver? Ou quase oito bilhões de animais que se esquecem de que também são animais e matam por qualquer motivo? 
Nós matamos uns aos outros por qualquer motivo. Não amamos e respeitamos nem a nossa própria espécie. A saída para nós seria o extermínio, então? 
Não me entenda mal, eu gosto dos seres humanos. Costumo até ser otimista a respeito de para onde caminha a humanidade. Acredito em mudanças e, acima de tudo, acredito na bondade, mas a maldade humana me magoa demais para ficar calada. Eu me proibi a alguns anos de perder a fé, porque, se não acreditarmos que as coisas podem ser diferentes, tudo vai continuar assim. 
Concluo meu relato com as palavras de Wesley Faria, defensor dos direitos dos animais: “Animais podem nos ensinar muito mais do que nós a eles. O sentido de comunhão, amizade e partilha é algo comum entre eles. Quanto aos homens, temos muito que aprender ainda para sermos chamados de bichos.”

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"É preciso ter força para esconder os próprios males, mas é preciso coragem para demonstrá-los"

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