Porque grandes garotas não choram. Elas escrevem.

Decifra-me, ou te devoro

sexta-feira, 30 de novembro de 2012


I'm everything I am because you love me
Decifra-me, ou te devoro

Brena Lacerda: entre sonhos e paixões

Por Victória Amaral

Brena Lacerda Furtado Pereira. Um nome tão grande quanto o coração e a personalidade desta capricorniana que foge à regra, e é uma das pessoas mais íntimas da fantasia que esse mundo já viu nascer. Não gosta de manter os pés no chão, pois eles nasceram para voar. A realidade nunca a agradou porque seus sonhos são infinitamente mais bonitos. Apaixonada pela causa verde, apaixonada por séries, apaixonada pelas pessoas erradas, apaixonada por Portugal, apaixonada por si mesma... Apaixonada. A vida dessa menina-mulher é guiada por suas emoções, e sortudo – ou mentiroso – é aquele que já a viu tomando uma atitude pensada, pois para ela há muito a se fazer antes de estragar uma bela história.
Nascida em Barra Mansa no dia 29 de dezembro de 1992, Brena pode ser considerada uma pessoa verdadeiramente rara. Quem a conhece sabe bem que isso é verdade. Capaz de despertar paixões instantâneas e desafetos mais imediatos ainda, ela pode ser comparada ao sol, que é necessário à vida e ilumina a escuridão, mas que não permite muita aproximação: seja pelo excesso de luz, seja pela temperatura. Intensa ao extremo, possui uma alma genuinamente artística. Tudo nela dói demais, e seus dramas rebaixam qualquer sucesso da TV mexicana para um nível amador.
Talento nato
Logo na infância, parte da personalidade sensível foi canalizada na escrita. Brena é dona de inúmeros textos que parecem ter sido cuidadosamente elaborados, tamanha é a capacidade deles de tocar corações. Mas engana-se quem pensa assim. Ela escreve assim como vive. Apenas flui, deixa sair, não pensa, quando se deu conta já falou, quando percebeu já estava escrito. E o amor pelas letras anda acompanhado de sua compulsão por livros, nos quais ela imerge e só volta quando absorveu tudo aquilo que podia, mesmo que jamais utilize tais lições.
Espinhos
Brena não é das pessoas mais fáceis de lidar. Conviver com suas reações adversas e seu temperamento muitas vezes egoísta – porém, inócuo – pode ser cansativo. Entretanto, assim como ela mesma é bipolar, os sentimentos de quem a ama também podem ser. Vão da total irritação ao amor incondicional em segundos, rendidos por um sorriso angelical, um abraço carinhoso e o pedido de desculpas mais sincero que alguém pode receber. Quando não gosta de alguém, pode passar a gostar. A aspereza e o orgulho não fazem parte de seu cotidiano. Não é incomum vê-la pedindo perdão por algo que não fez, o que a torna ainda mais intrigante – e encantadora.
O patinho feio
Ela cresceu sob o conflito entre a beleza e o intelecto, assumindo por muito tempo o papel de “menina estranha” na escola, mas sem razão para sê-lo. Por mais que pense muito e seja extremamente esperta e de fácil aprendizado, Brena tem um lado feminino gritante, e que tardou muito a ser revelado. Na verdade, ela demorou a entender que as duas características não se anulam, apenas a tornam assim, tão peculiar. Brena é o tipo de mulher que um homem só encontra uma vez na vida, e, se não for idiota, trata logo de manter por perto. Ela não é só obviamente bonita: tem uma imensidão de amor para compartilhar e uma inteligência fora do comum, embora só goste de empregá-la naquilo que lhe desperta muito interesse.
Madre Brena
 Na psicologia, diz-se que uma mulher que enfrenta problemas de relacionamento paterno tem forte tendência a se interessar pelos pretendentes mais complicados possíveis. Essa teoria se aplica perfeitamente à Brena. Imagine a pessoa mais inacessível, complexa e esquisita de um grupo no qual ela está: no fim da noite, é por esse indivíduo que Brena estará atraída, e é sobre ele que ela vai falar pelo resto da semana – ou do mês. Ela acha que as pessoas são como cebolas, e precisam ser conhecidas camada por camada até que algo bom apareça. Portanto, não é raro vê-la andando de mãos dadas com o maior dos cafajestes ou com alguém que tenha um pequeno grau de autismo.
Como foi dito no início, ela valoriza e acredita cegamente no poder de seus sonhos. Por conta disso, às vezes Brena pode ser covarde. Ela prioriza relações que tem a enorme probabilidade de nunca acontecerem tão somente para conservar o sabor e a magia dos começos. Isso é, possivelmente, um mecanismo de autodefesa usado inconscientemente para evitar ao máximo se decepcionar, já que a dor faz parte intrínseca de sua trajetória. Amores do outro lado do oceano ou em outro estado deste país são aqueles que mais a animam.
Sonhos lusitanos
Talvez, “um peixe grande em um aquário pequeno” seja a metáfora que melhor define a atual situação de Brena Lacerda. O mundo que os livros apresentaram a ela não escapou de seu universo de desejos, e neste humilde Vale do Paraíba ela não caberá em breve. Ávida por aprender novas línguas, tem se dedicado ao inglês e já planeja dominar o espanhol. Mas o idioma que ela realmente precisa saber para desvendar todas as maravilhas de seu destino favorito é o seu, ironicamente.
A bela, a fera
Explicar toda a grandeza e magnitude desta pessoa em tão poucas palavras não é tarefa simples, pois Brena possui tantas e tão belas facetas que cada uma delas merece ser detalhada. Hoje, pode-se dizer que ela mesma não conhece todas. O seu universo particular possui tantas dimensões, personagens e castelos, que adentrar nele requer muito esforço e paciência. Talvez por isso ela ainda não tenha encontrado alguém capaz de fazê-lo legitimamente. Até porque não se encontra em qualquer lugar um príncipe corajoso, montado em um cavalo branco, munido de uma boa espada e disposto a enfrentar uma fera que traz pendurada em seu lindo pescoço a placa “Decifra-me, ou eu te devoro”.

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É humano o ser humano?

quarta-feira, 28 de novembro de 2012

Meu artigo publicado na edição de 29 de Novembro do Jornal Diário do Vale.


Seres humanos assustam, é verdade. A nossa é a única espécie neste vasto planeta cuja maldade e ganância parecem não ter fim. Somos os únicos que matamos outros animais por esporte, lazer ou hobby. Divertimo-nos com a destruição de famílias inteiras. Colecionamos corpos de pais que tiveram suas vidas interrompidas antes de poderem ensinar seus filhotes a voar. Vendemos por preços altíssimos a requintada vitela, retirada com crueldade dos bebês bovinos, cujo único crime foi terem nascido machos em empresas que apenas exploram o leite materno. O mesmo acontece nas granjas, com os pequenos recém-saídos dos ovos, que, ainda vivos, são atirados ao moedor por não terem utilidade para o criadouro. Ser a espécie dominante requer uma incrível perda daquilo que nós, ironicamente, chamamos de humanidade. 
Há pouco li uma triste reportagem sobre um babuíno que, de acordo com o jornal, atacava visitantes, na Cidade do Cabo, na África do Sul, para roubar comida. Fred, como os habitantes o chamavam, foi abatido com nada menos que 50 tiros pelas autoridades sul-africanas, e a população comemorou o feito. 
A população comemorou o assassinato – a sangue frio – de um ser vivo que queria apenas não morrer de fome. A tendenciosa reportagem vilanizava o animal como se ele pudesse responder pelos próprios atos, como se os ataques acontecessem por maldade do primata, e não por ser esta a única opção de sobrevivência que ele encontrou. 
A natureza é clara. Se lhe tiramos espaço, ela irá reivindica-lo cedo ou tarde. É assim com os desertos, é assim com os oceanos. A natureza sempre vai buscar uma forma de sobreviver às gananciosas investidas dos humanos. 
Fred teve seu habitat tomado, suas fontes naturais de sobrevivência e alimento foram destruídas – e, provavelmente, ninguém pensou no que fazer com os seres que dependiam daquela floresta para existir. Mas seu instinto de sobrevivência era forte, então ele se adaptou. Descobriu aonde encontrar comida e aprendeu a escolher o momento certo de pegá-la. Depois de perder sua casa, família e suas condições básicas de sobrevivência, nada é mais normal do que se tornar arisco. É preciso se defender dos predadores. E Fred aprendeu com a dor como a nossa espécie é a mais friamente predatória de todas. Logo, como qualquer um que entra no caminho dos interesses humanos, “ele precisou ser sacrificado porque representava um grande perigo às pessoas”. 
Quem representa perigo maior dentro deste planeta? Um babuíno que precisa sobreviver? Ou quase oito bilhões de animais que se esquecem de que também são animais e matam por qualquer motivo? 
Nós matamos uns aos outros por qualquer motivo. Não amamos e respeitamos nem a nossa própria espécie. A saída para nós seria o extermínio, então? 
Não me entenda mal, eu gosto dos seres humanos. Costumo até ser otimista a respeito de para onde caminha a humanidade. Acredito em mudanças e, acima de tudo, acredito na bondade, mas a maldade humana me magoa demais para ficar calada. Eu me proibi a alguns anos de perder a fé, porque, se não acreditarmos que as coisas podem ser diferentes, tudo vai continuar assim. 
Concluo meu relato com as palavras de Wesley Faria, defensor dos direitos dos animais: “Animais podem nos ensinar muito mais do que nós a eles. O sentido de comunhão, amizade e partilha é algo comum entre eles. Quanto aos homens, temos muito que aprender ainda para sermos chamados de bichos.”

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Quando o medo de se ferir fere

sexta-feira, 19 de outubro de 2012

Meu artigo que foi publicado no jornal Diário do Vale.

Dizem que o preconceito, de qualquer espécie, é uma das mais sérias feridas que a raça humana carrega. Todos, não importa o quão belos sejam, já foram discriminados ou julgados de alguma maneira. Também penso dessa forma, mas ouso dizer que, nos dias de hoje, há um estigma mais preocupante que o preconceito: o medo de ser julgado. Concordo que temos que saber nos defender e, como alguns amigos insistem em dizer, precisamos nos impor. Mas, por mais que não pareça, é tênue a linha que separa o sentimento de autopreservação da paranóica mania de perseguição. Não sei em que momento da nossa história decidimos que todos os que estão lá fora são inimigos, ou em que ponto da nossa “evolução” enquanto sociedade nós nos acostumamos a temer qualquer aproximação que nos torne vulneráveis ao julgamento alheio. Não posso precisar quando, mas o fato é que a humanidade, individualmente, aprendeu a se fechar em uma fortaleza impenetrável de medo, orgulho e solidão. E enfeitamos essa assustadora fortaleza com frases de efeito - como “ninguém tem nada com a minha vida”, ou pior, “não preciso de ninguém”. Mascaramos nosso medo com ar de superioridade e nos fechamos tanto que acabamos por nos perder em nós mesmos, por termos lacrado todas as portas que poderiam nos levar para fora. Quando penso nessa espécie a qual pertenço, me recordo das palavras do meu tio a me explicar sobre aquelas plantinhas que minha irmã e eu, quando crianças, chamávamos de “dormideiras”. Ele dizia: “Sejam delicadas, pois, ao menor toque, elas se fecham”. Talvez ele não estivesse definindo apenas o movimento de retração natural daquela espécie de plantas. Talvez ele estivesse, de forma subliminar, nos preparando para nossas relações futuras. Hoje presenciei uma cena que jamais vou esquecer. Ao sair do trabalho, estava esperando o ônibus para a faculdade e notei a presença de uma mulher alta e elegante. Ela tentava convencer a filha de que já havia comido pipocas demais e que ficaria doente, caso continuasse a comer, e me lembrei dessa mesma discussão cotidiana em casa, quando o meu teimoso irmão, portador de Síndrome de Down, faz todo tipo de pirraça por não conseguir parar de comer pipocas. Quando a menina se virou, pensei: “que coincidência”. Pois a pequena também era portadora de Síndrome de Down e tinha exatamente o mesmo rostinho do meu pequeno. Não tinha notado até o momento, mas um rapaz também observava as duas, com um olhar curioso. Até que a elegante mulher notou o olhar do homem e se pôs a gritar, acusando-o de encarar sua filha por ela ser diferente. A mãe o chamou de preconceituoso e proferiu todo tipo de barbaridade que só alguém muito desequilibrado seria capaz de dizer. O rapaz encheu seus olhos de lágrimas e apenas ouviu. Quando a mulher se cansou de tanto gritar horrores, o pobre espectador se desculpou e explicou que, sempre que vê uma “criança especial”, se lembra da filha, que também tinha Down, mas faleceu há dois anos por complicações cardíacas. Pediu desculpas inúmeras vezes e então atravessou a rua, envergonhado e emocionado demais para continuar ali. A mulher, que, se fosse realmente um ser humano, estaria envergonhada e correria para se desculpar, pegou a filha pela mão e entrou no primeiro ônibus que parou. E eu fiquei lá me perguntando que tipo de marca uma pessoa carrega para reagir assim à simples curiosidade de um desconhecido. Eu mesma sempre analiso o comportamento de todo Down que encontro. Quando tenho abertura, até tento conversar com quem estiver com a criança para trocar experiências e, quem sabe, ajudar no desenvolvimento do meu irmãozinho. Mas nunca havia presenciado uma reação dessas. Nós temos tanto medo de sermos atingidos em nossas fraquezas – ainda que em pensamento – que nos defendemos antes mesmo de sermos atacados, e não paramos para nos perguntar se o ataque realmente viria. Quem, naquele lugar, poderia mensurar a dor que aquele homem carregava nos ombros? Embora seja gratificante, aquela mulher sabe que não é fácil ter um filho (ou irmão, que seja) com algum tipo de deficiência, que dirá então perdê-lo. Compreendo as situações de preconceito que a mãe poderia estar trazendo, em virtude da pequena diferença da filha. O mundo pode ser um lugar muito cruel. Mas até que ponto temos o direito de, sem mais nem menos, ofendermos, humilharmos e magoarmos os outros apenas porque já fomos feridos no passado? Nunca se sabe a dor que o outro traz consigo. E, na dúvida, é melhor ser doce e não ferir ninguém, do que correr o risco de marcar para sempre alguém já tinha feridas suficientes a curar. Não saberemos o que aconteceria, caso ele tivesse tido a chance de observar a pequena menina por mais algum tempo. Talvez ele superasse um pouco mais a dor da sua perda. Mas não saberemos, pois o momento, que poderia ser mágico, foi tirado dele pela covardia de alguém que escolheu se esconder a se abrir ao mundo real, cheio de sentimentos e até de medos e inseguranças em comum, que há aqui do lado fora. Espero que nós, defeituosa espécie, um dia aprendamos que existe muito mais no mundo do que nós mesmos, e possamos ver o mar de possibilidades que há além dos muros que criamos ao nosso redor. E espero que o homem feito, que atravessou a rua chorando, não se esqueça de que se expor não é um sinal de fraqueza, mas é o maior ato de coragem que nós, como verdadeiros seres humanos, poderíamos assumir.

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Do que eu prefiro me lembrar

segunda-feira, 10 de setembro de 2012

Lembra-se de quando eu queria brincar de fazer perguntas, mesmo contra a sua vontade? Não era mera curiosidade. Eu sabia que éramos muito diferentes e eu precisava te conhecer melhor, encontrar afinidades e acreditar que todo aquele sentimento poderia criar raízes para, então, ter ramos.
As pessoas perguntavam como esperávamos dar certo, sem ter quase nada em comum. Você concordava com elas, enquanto eu usava de todos os argumentos para defender que não precisávamos ser iguais para sermos um casal. Quem será que tinha razão? Não sei dizer, mas eu carrego esta sensação de que não fomos mais, não pelas nossas diferenças, mas por uma das poucas características que temos em comum: Esta irremediável impulsividade.
Em um piscar de olhos você já tinha um assento com o seu nome na minha vida, por vontade minha, por vontade nossa. Em outro piscar de olhos você já tinha tocado tão fundo a minha alma, que encontrou feridas que ninguém, além de mim, jamais soube que existiam. Os olhos piscaram de novo e todo o brilho se esvaiu. Pisquei novamente e você não estava mais lá, por vontade minha (ou nossa?).
De tempos em tempos, alguém me pergunta por que não fomos adiante. Ou nossa família, famosa pela indiscrição, diz acreditar que um dia ainda há de ser. Nesses momentos me lembro de todos os motivos pelos quais não foi. Recordo-me das incompatibilidades, das pequenas juras nunca cumpridas, da doçura se esvaindo. Lembro-me, com uma pitada de mágoa, de todas as acusações, palavra por palavra, das qualidades que, com o convívio, se tornaram defeitos. E, por fim, me lembro das ocasiões em que te vi esboçar um sorriso e dar um passo em minha direção, para depois dar dois para longe de mim. E, nesses momentos, como disse uma sábia amiga, eu entendo quanta mágoa tanto amor pode causar.
Mas, em noites como esta, enquanto reviro algumas fotos, seu twitter e tudo o mais que me aproxime de você, penso que tínhamos tudo, menos coragem, para assumirmos os riscos, darmos as mãos e plantarmos as flores no caminho da nossa estrada.
Se éramos tão diferentes, por que eu sabia exatamente como você se sentia, quando duvidava de si mesmo? Se não tínhamos nada em comum, como você conseguiu ser, com tamanha perfeição, quem eu precisava que você fosse, quando finalmente me abri sobre o pior trauma que carregava? Você se lembra das palavras que usou, enquanto não diminuía, nem por um segundo, a força daquele abraço? Você me disse para não ter medo porque, enquanto você estivesse aqui, eu estaria protegida. E eu acreditei em você.
A partir daquelas palavras, eu tratei de transformar meu medo em força e, acredite você ou não, mudei muito por isso. Sim, você iniciou o processo que fez das minhas feridas abertas, apenas cicatrizes. De forma suave, você era capaz de sacudir e mudar o meu mundo.
O seu sorriso mudava o meu dia. E uma lembrancinha pequena, como aquela caixinha-cartão que te dei, era capaz de tirar de você o mais belo dos sorrisos. Eram dias completos aqueles em que eu sentia que havia colaborado para a sua felicidade. Assim como eram cinza os dias em que eu falhava.
Quando o nosso monocromático fim chegou, já estávamos vivendo como as produções em preto e branco do cinema mudo há algumas longas e dolorosas semanas. Doía estar com você em silencio, assim como doía não te ter por perto.
Mas, apesar de tudo, me recordo tão bem de quando ainda havia cores à nossa volta. A vida era um campo de lilases desabrochando e tudo cheirava bem. Você dizia que, se fosse um sonho, não gostaria de acordar. E eu pedia aos céus para que não fosse.
Eles me ouviram, pois não era. Era o melhor pedaço de realidade que a vida já tinha me permitido provar. No entanto, éramos duas pessoas imaturas demais para medir as discussões, pesar as prioridades e ceder, quando necessário, em nome do sentimento que dizíamos ter. Éramos como crianças, que não sabiam como reagir, além de reclamar, quando o seu desenho preferido acaba. E preferimos quebrar a tevê, em protesto.
Mas, apesar disso tudo, não era um sonho. E as crianças, cedo ou tarde, crescem.
Nunca nos demos outra chance de ver o quanto crescemos nestes anos de distância e silêncio. Sei que o que perdemos em tempo, podemos ter ganhado em sabedoria, experiência, tolerância e, talvez, saudade. E, quem sabe, eu precise mesmo esgotar todas as tentativas, enquanto ainda restar esperança, para voltar a ver a vida em sua aquarela total.
Sinto falta do lilás, que perdi de vista junto com você.

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Entre fantasia e realidade, eu escolho você

sexta-feira, 13 de julho de 2012


You can be my unintended choice to live my life extended.

Hoje percebi que existem muitas partes de você que eu preciso conhecer. Algumas, provavelmente, jamais conhecerei. Mas, apesar de como tudo correu, fico feliz por ver que você é real. 
Eu tinha o costume de procurar o Príncipe Encantado em cada pessoa normal que eu conhecia mas, quando você chegou, toda a minha forma de imaginar a pessoa ideal mudou. Você parecia perfeito demais para existir neste mundo todo errado, e eu queria encontrar seus defeitos - aqueles de que você tanto fala -, conhecê-los e, talvez, me apaixonar por eles também. 
Nesta noite você não os deixou a mostra, portanto, ainda não sei quais são esses 'maus feitios' que te incomodam tanto, mas pude te ver mais aberto e exposto do que jamais vi e sei que a convivência tratará de me deixar a par daquilo que ainda não sei.
Nesses relacionamentos sem nome, o processo de descobrimento é lento e, algumas vezes, trabalhoso. As pessoas insistem em contracenar em vez de mostrar logo quem são e do que são capazes. Não é porque somos transparentes que perdemos o mistério. Na verdade, deixando o livro de nossa vida aberto, podemos ganhar confiança e cumplicidade, além de dar ao outro a segurança de saber aonde e com quem está se envolvendo.
Hoje vi que você também exagera, extrapola e diz coisas que não devia dizer. Te notei tão diferente da pessoa com quem passo as madrugadas acordada e isso foi muito importante para mim.
Sou humana demais, meu bem, e preciso de alguém tão cheio de imperfeições quanto eu a me esquentar nos dias frios. Pois só alguém que já foi ferido, entenderá minhas feridas que ainda doem. Só quem conhece a inconstância poderá suportar meu enorme desejo de ficar sozinha e também minha incontrolável carência. Não preciso de alguém perfeito. Preciso apenas de você. Preciso da sua presença a cantar e me encantar cada dia mais.
Você não precisa ser um duque, precisa apenas ser real. Pois, quanto mais conheço de ti, mais quero conhecer. E, quanto mais honesto você é, mais próximo do meu coração está.

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Eu queria te conhecer

sexta-feira, 25 de maio de 2012


Eu queria te conhecer. Sem sonhar com compromissos, romances, casamento e filhos. Queria te conhecer por essa vontade de estar mais perto. Queria estar perto por tudo aquilo que já pensei enquanto nos falamos à distância.
Estamos sempre tão próximos, mas nunca o suficiente. E nossas vidas são tão diferentes que eu nem sei por que queria tanto te conhecer. Sei apenas que eu queria.
Eu queria te conhecer porque o facebook é pouco para mim, queria te conhecer porque sinto que você vale a pena, queria te conhecer porque eu não sei ir devagar, querer pouco, e não sei me contentar com esses “e se” que a vida coloca em nosso caminho. Queria te conhecer porque ver seu sorriso em fotos é pouco, e ouvir sua voz ao telefone não é suficiente. Sou daquelas que quer e precisa ser querida, que deseja, mas precisa ser desejada, que devora e exige ser devorada. Quero o vivo, o real e o palpável. E eu queria te conhecer. Já estou me cansando desses desejos de mão única. Quero dizer, não deixarei de querer, mas deixarei para lá. Se quiser me conhecer, sabe onde me encontrar.

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Sobre um anjo

sexta-feira, 4 de maio de 2012


Quem dera a saudade te trouxesse de volta.


Nesta semana, finalmente, minha tia conseguiu vender a casa em que meu tio cometeu suicídio. Não havia outra opção. Era doloroso demais estar naquele lugar, repleto das mais bonitas lembranças, e também da pior de nossas vidas.
Alguns móveis, que ainda estavam lá, vieram para minha casa. O acordo era que ficaríamos com os que nos servissem de alguma forma, e o outro levaríamos para a casa da nossa família, no interior de Minas.
Cheguei em casa hoje e me deparei com tudo isso, e as lembranças não puderam deixar de vir. Fiquei com um cabideiro simples, desses onde se penduram chapéus, casacos e bolsas.
Quando disse que ficaria com ele, não havia me dado conta de toda a bagagem que isto iria trazer. Cá estou eu, às quatro da manhã, sem saber como tirar da minha mente as lembranças e a saudade, que não me deixam dormir e nem superar.
Faz quase dois anos, mas ainda não acredito que ele partiu. Às vezes me pego pensando em passar na casa deles para ver se ele se sentia melhor. E aí eu me lembro de que ele não estará lá para me responder. E tudo que eu iria encontrar é a hostilidade de uma pessoa que se viu sozinha, quando pensou que jamais estaria.
Eu sei que chorei mais do que sabia que era capaz quando ele partiu. Senti como se parte de mim estivesse sendo enterrada também. E, de fato, estava.
Naquele dia deixei para trás toda uma vida que havíamos construído em sonhos. Adorávamos falar sobre o futuro. A cada passeio, nutríamos um pouco mais os sonhos. Ele sonhava em estar presente neste nosso futuro. “A vida seria linda.” Ele acreditava nisso mais do que todos nós.
Não acreditava na seriedade de uma depressão até essa doença lhe tirar o que havia de melhor. De todos que poderiam ousar pensar em tirar a própria vida, ele era o mais improvável. Por que alguém que amava tanto viver, que se satisfazia com felicidades puras e simples, que sorria sem esforço algum, por que alguém tão positivo entra em um estado depressivo tão sério a ponto de precisar pôr um fim ao sofrimento desta forma tão drástica.
Amigos psicólogos, psiquiatras ou pessoas entendidas podem continuar tentando me explicar, mas jamais aceitarei este fato. A pessoa que se pendurou pelo pescoço e sufocou até a morte não era o homem que eu chamei de tio por toda a minha vida. Ele jamais faria isso.
O homem que conheci, apesar de nunca ter sido pai, me tratou como uma filha por toda a minha infância, me fez sentir especial e amada. O homem que me levou pela mão em tantas manhãs quentes, nunca optaria por nos deixar.
Agora estou aqui, rodeada por móveis carregados de recordações, e até o cheiro dele ainda está aqui. Não tenho certeza se quero ficar com este cabideiro. Não tenho certeza se mantê-lo preso a mim é uma boa ideia.
De tudo que eu sou hoje, de todas as coisas boas que eu tenho em mim, mais da metade foi ele quem me deu. Ele, sua generosidade e amor infinito, me salvaram de ter uma vida triste baseada em ausências, para me dar uma vida cheia de esperança e possibilidades.
No entanto, ele não ficou aqui para compartilhá-la comigo. No entanto, ele se foi antes de ver o resultado de todo o trabalho que dei.
Como se supera uma perda tão terrível? Como se aceita e segue em frente?
Sei que estou vivendo, mas esse vazio continua aqui. Eu pensei que, com algum tempo, a dor deixaria de incomodar e somente a saudade viria de vez em quando. Mas ainda dói, principalmente agora.
Como posso me conformar? Como posso deixa-lo partir?
Não tenho nem ideia de como terminar este texto. Isso foi um desabafo, escrito devagar, em meio a espasmos e soluços de uma dor, que fica contida, mas parece que nunca mais vai diminuir.
Sinto que aceitar que ele partiu é como desonrar tudo o que ele fez por mim e tudo o que ele representou em minha vida. Não sei como terminar este texto, assim como não sei o que fazer com toda essa dor.
Espero que me desculpem se soei dramática, mas esse é um dos poucos momentos em que não exagerei a minha dor. Na verdade, creio que não consegui expressá-la em sua totalidade.
A perda é a pior das angustias... E acho que nunca vou me acostumar.


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O dia em que uma música conseguiu mudar tudo

terça-feira, 24 de abril de 2012


Minha relação com a música não é profunda. Admiro quem sabe fazê-la, mas me interesso mais pela poesia que as músicas carregam do que pela musicalidade em si. E, talvez por isso, eu tenha uma música para cada momento, não músicas ou músicos favoritos.
Neste momento, por exemplo, a canção que está em repeat no meu celular é Somebody that I used to know, do Gotye. Sem drama nem exageros, ela é a única que conseguiu me confortar agora. Antes de precisar dela, estava hipnotizada por Faithfully, do Journey, e sabia que só ela conseguia exprimir como eu me sentia.
Não sou uma apaixonada por música, mas preciso admitir o poder que as palavras cantadas têm de acalmar, quando nada mais o faz. Acostumei-me a me fechar no quarto e deixá-las tocando baixinho, para que precise me concentrar para entender. Isso faz com que, naquele momento ao menos, o que me incomoda deixe de ser o foco de meus pensamentos e se torne pequeno comparado à beleza das palavras que estou ouvindo e apreendendo. Escuto até decorar a letra, não importa o idioma, e até os trejeitos do cantor. Escuto até minha cabeça dizer que está cansada.
Chega um dia em que acordo e não entendo mais porque aquela música me encantou tanto e nem porque a ouvi tantas vezes. Por mais que pareça que enjoei da canção, o fato não é este. Quando a música aos poucos deixa de fazer sentido, é quando sei que está passando. Ela simplesmente não se encaixa mais na minha vida, assim como a dor que ela representou um dia.
E é assim que meu coração aprende a superar, com poesia desde o começo até o fim.

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"É preciso ter força para esconder os próprios males, mas é preciso coragem para demonstrá-los"

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