Porque grandes garotas não choram. Elas escrevem.

raio x

quinta-feira, 22 de abril de 2010


Eu sou tudo isso e um tanto mais. eu sou meu filme preferido e o cheiro do meu livro novo. sou o barulho de chuva que gosto de ouvir quando estou dormindo. sou o que eu sinto quando estou perto de alguém que eu gosto ou quando passeio no zoológico. sou os lugares novos que conhecerei, sou os lugares que já estou cansada de conhecer. sou meu banho depois de toda essa correria. sou meu passatempo, o vento no meu rosto. sou sábados, domingos e feriados. sou o chocolate quente que eu tomo no inverno, o sorvete que eu tomo no verão. os desafios que eu supero e o dia que eu passei na praia. os esportes que eu pratico e meu banho de espuma. sou quem fica comigo quando estou sozinho, a melhor companhia às vezes. sou a diversão das festas e minha música favorita. sou o que leio no meu horóscopo, sou meu lençol velho. sou o meio ambiente que eu cuido e as histórias em quadrinhos que leio. sou a paz, e a minha camiseta velha. sou a conversa cheia de coisas bobas e alegres, e sou minha soneca depois do almoço. sou o melhor amigo do meu bicho de estimação, e sou meus sonhos mais profundos. sou o que eu sonho dormindo e o que eu sonho acordado. sou meus pedidos pras estrelas cadentes e meu dinheiro sobrando. sou os almoços com a família e meu computador. eu sou a sensação de abrir um presente que tanto queria sendo que nem mesmo o esperava naquele momento. sou a risada que eu dei ontem, a lua que eu estou vendo agora, sou o amanhã. sou as pequenas saudades. sou as enormes saudades. sou cada coisinha que já vivi e ainda estou pra viver. sou tudo isso e um tanto mais.

Read more...

mesmo na tempestade

terça-feira, 20 de abril de 2010

Estava deitada em um chão macio e gramado. O doce aroma das flores do campo me acalentava e eu já não tinha mais vontade de chorar. Era como se a tristeza da noite anterior tivesse desaparecido. O canto dos pássaros era como uma melodia hipnótica que me alegrava e me levava a um outro mundo onde os problemas não existiam. O som das águas de um rio próximo fazia com que aquele ambiente se tornasse mais relaxante.

Eu não pensava mais em nada, até que me dei conta disso. O som de algo caindo no chão de madeira me despertou do sonho, e eu estava novamente naquele quarto frio e empoeirado, envolta em meus problemas e minhas tristezas.

A porta se abriu.

FURTADO, Brena Lacerda
O Reino de Deheon

Read more...

vale a pena refletir

sexta-feira, 16 de abril de 2010

[...]
– Quero falar de outro tipo de amor – insistiu. – Aquele que um homem e uma mulher compartilham, e em que também se manifestam os milagres.

Segurei suas mãos. Ele podia conhecer os grandes mistérios da Deusa – mas de amor sabia tanto quanto eu. Mesmo que tivesse viajado tanto.
E teria que pagar um preço: a iniciativa. Porque a mulher paga o preço mais alto: a entrega.
Ficamos de mãos dadas por um longo tempo. Lia em seus olhos os medos ancestrais que o verdadeiro amor coloca como provas a serem vencidas. Li a lembrança da rejeição da noite anterior, o longo tempo que passamos separados, os anos no mosteiro em busca de um mundo onde estas coisas não aconteciam.
Lia em seus olhos os milhares de vezes em que havia imaginado este momento, os cenários que construíra ao nosso redor, o cabelo que eu devia estar usando e a cor da minha roupa. Eu queria dizer “sim”, que ele seria bem-vindo, que o meu coração havia vencido a batalha. Queria dizer o quanto o amava, o quanto o desejava naquele momento.
Mas continuei em silêncio. Assisti, como se fosse um sonho, à sua luta interior. Vi que tinha diante dele o meu “não”, o medo de me perder, as palavras duras que escutou em momentos semelhantes – porque todos passamos por isto, e acumulamos cicatrizes.
Seus olhos começaram a brilhar. Sabia que estava vencendo todas aquelas barreiras.
Então soltei uma das mãos, peguei um copo e coloquei na beirada da mesa.
– Vai cair – disse ele.
– Exato. Quero que você o derrube.
– Quebrar um copo?
Sim, quebrar um copo. Um gesto aparentemente simples, mas que envolvia pavores que nunca chegaremos a compreender direito. O que há de errado em quebrar um copo barato – quando todos nós já fizemos isto sem querer alguma vez na vida?
– Quebrar um copo? – repetiu ele. – Por quê?
– Posso dar algumas explicações – respondi. – Mas, na verdade, é apenas por quebrar.
– Por você?
– Claro que não.
Ele olhava o copo de vidro na beira da mesa – preocupado com que caísse.
“É um rito de passagem, como você mesmo fala”, tive vontade de dizer. “É o proibido. Copos não se quebram de propósito. Quando entramos em restaurantes ou em nossas casas, tomamos cuidado para que os copos não fiquem na beira da mesa. Nosso universo exige que tomemos cuidado para que os copos não caiam no chão.
Entretanto, continuei pensando, quando os quebramos sem querer, vemos que não era tão grave assim. O garçom diz “não tem importância”, e nunca na vida vi um copo quebrado ser incluído na conta de um restaurante. Quebrar copos faz parte da vida e não causamos qualquer dano a nós, ao restaurante, ou ao próximo.
Dei um esbarrão na mesa. O copo balançou, mas não caiu.
– Cuidado! – disse ele, instintivamente.
– Quebre o copo – eu insisti.
Quebre o copo, pensava comigo mesma, porque é um gesto simbólico. Procure entender que eu quebrei dentro de mim coisas muito mais importantes que um copo, e estou feliz por isto. Olhe para a sua própria luta interior e quebre este copo.
Porque nossos pais nos ensinaram a tomar cuidado com os copos, e com os corpos. Ensinaram que as paixões de infância são impossíveis, que não devemos afastar homens do sacerdócio, que as pessoas não fazem milagres, e que ninguém sai para uma viagem sem saber aonde vai.
Quebre este copo, por favor – e nos liberte de todos estes conceitos malditos, esta mania que se tem de explicar tudo e só fazer aquilo que os outros aprovam.
– Quebre este copo – pedi mais uma vez.
Ele fixou seus olhos nos meus. Depois, devagar, deslizou sua mão pelo tampo da mesa, até tocá-lo. Num rápido movimento, empurrou-o para o chão.
O barulho do vidro quebrado chamou a atenção de todos. Em vez de disfarçar o gesto com algum pedido de desculpas, ele me olhava sorrindo – e eu sorria de volta.
– Não tem importância – gritou o rapaz que atendia as mesas.
Mas ele não escutou. Havia se levantado, me agarrado pelos cabelos, e me beijava.
Eu também o agarrei nos cabelos, abracei-o com toda força, mordi seus lábios, senti sua língua se movendo dentro de minha boca. Era um beijo que havia esperado muito – que havia nascido junto dos rios de nossa infância, quando ainda não compreendíamos o significado do amor. Um beijo que ficou suspenso no ar quando crescemos, que viajou pelo mundo através da lembrança de uma medalha, que ficou escondido atrás de pilhas de livros de estudos para um emprego público. Um beijo que se perdeu tantas vezes e que agora tinha sido encontrado. Naquele minuto de beijo estavam anos de buscas, de desilusões, de sonhos impossíveis.

[...]

Paulo Coelho
Na Margem do Rio Piedra eu sentei e chorei.

Read more...

naquela noite.

quarta-feira, 14 de abril de 2010

E eu me perguntei se realmente valia pena viver de sonhos.
Vi a vida que sempre passou batida por mim enquanto sonhava.
Vi que a realidade não era nada do que sonhei.
A maior ironia disso é que descobri coisas que nunca fizeram parte de meus sonhos, porém, tornaram a minha realidade tão bonita quanto o sonho.
Por que é sempre tão difícil entender que é necessário viver, e não somente sonhar, fazer, e não somente planejar?
Talvez porque certas coisas ficam mais bonitas (e mais fáceis) na imaginação. Viver é sempre mais complicado. E a realidade geralmente dói mais.
E a gente demora a compreender que o tempo passa e certas oportunidades que você perdeu, porque estava muito ocupado sonhando, não voltam mais. E a roda gira e a gente fica. É assim que é.
Portanto, quando a realidade nos chama, precisamos atender, de olhos, braços e coração aberto. Porque nestes momentos é que descobrimos que, se vivemos com intensidade, a vida real pode ser MUITO MAIS BONITA que a ficção. E qualquer lugar pode ser a Terra do Nunca, se, quando formos decidir quais ferramentas usaremos, optarmos, não pelos sonhos, mas pelo coração. Lembre-se: "Se você pode sonhar, você pode fazer!"

Read more...

domingo, 11 de abril de 2010


Cara Lirys,

Meus dias têm passado rapidamente e mal tenho visto a luz do sol. Gostaria de escrever-te cartas felizes, mas, meus dedos se recusam a mentir. Também não minto quando digo que encontrei uma luz brilhando na escuridão dos meus pesadelos, e ouso dizer que posso, um dia, ser verdadeiramente feliz.
Como você bem sabe, estou aprisionada nesse porto, como um barco que ali repousa. Você e eu sabemos que barcos não foram feitos pra isso. Eu quero o mundo, minha amiga, e sei que o mundo também me quer. Milagrosamente, já vejo se dissipar a névoa que me impede de me desamarrar deste maldito porto, graças à luz que, como um presente divino, brilha agora em minha vida.
Essa luz não me pertence e nem vem a mim quando eu quero. Ela brilha para mim de acordo com seus desejos mas, o modo com que ela tem iluminado meus dias tem transformado minha vida.
Eu queria tê-la comigo em todos os momentos, mas sabemos que não pode ser assim. Eu queria ter seu sorriso luminoso sempre comigo, nem o Sol me ilumina mais.
Não sei, mas sinto que já pertenço a essa luz, quando pensei em fugir ela já tinha me tocado, não pude fazer nada.

Com carinho,
Anita Gérard

FURTADO, Brena Lacerda
Eu não falo de dor

Read more...
"É preciso ter força para esconder os próprios males, mas é preciso coragem para demonstrá-los"

  © Blogger template Brownium by Ourblogtemplates.com 2009

Back to TOP