Porque grandes garotas não choram. Elas escrevem.

terça-feira, 24 de agosto de 2010

Cara Lirys,

ao contrário da primeira carta que lhe enviei contando sobre minha luz, meus dias, agora, demoram muito a passar.
Tentei evitar certos males mas, por tentar evitá-los, os tornei ainda piores. Afastei minha luz de mim, e não vejo modo de trazê-la de volta. Busquei por outras luzes, mas em nenhuma encontrei o brilho singular que tanto me fascinava.
Sei que agi com covardia. Pulei do barco antes que ele afundasse. Não tentei salvá-lo, nem lutei por ele, apenas quis me segurar, me manter em segurança, mas nem isso consegui.
Querida amiga, lembra-se de minhas cartas em que eu lhe contava como minha luz me afetava? Lembra-se de como sua indiferença me machucava? Então, Lyris, a indiferença, hoje, não fere tanto quanto a ausência.
Na verdade, minha fraqueza esteve sempre no fato de que ela não me cobria de mimos, nem realizava todos os meus desejos. E, Lyris, é quase impossível acreditar mas, é disso que eu sinto falta.
Depois de refletir muito sobre a minha vida, cheguei à conclusão de que preciso me acostumar e aprender a lidar com as marcas e arranhões que um relacionamento próximo pode trazer, porque, por mais que no inicio não pareça, vale a pena sim viver por quem você morreria.
Dói saber que é tarde demais.
Preferia, um milhão de vezes, chorar de vez em quando tendo minha luz comigo, do que fingir estar feliz, sendo que é impossível para mim ser feliz sem ela.
Volto a escrever-te em breve.
Gostaria que estivesse aqui comigo.

Anita Gérard

Eu não falo de dor
FURTADO, Brena Lacerda

Postar um comentário

"É preciso ter força para esconder os próprios males, mas é preciso coragem para demonstrá-los"

  © Blogger template Brownium by Ourblogtemplates.com 2009

Back to TOP