Porque grandes garotas não choram. Elas escrevem.

Para ser lida em 23/06/2021

sexta-feira, 21 de outubro de 2011

Oi, eu com 28 anos!
E aí? Como estamos?
Realizamos tudo, ou pelo menos grande parte, do que sonhávamos?
Continuamos lendo bastante e escrevendo? Você sabe o quanto amava escrever quando tinha a minha idade. Espero que não tenha perdido isto, mas se a vida tirou a inspiração de você, espero que tenha coragem para trazê-la de volta.
E os estudos? Fez tudo o que combinamos? Se estiver seguindo o plano, ainda deve ter muito que estudar! Continuamos com o sonho do jornalismo ou mudamos de área?
E a tão sonhada independência? Temos casa, carro e uma vida legal? E o jardim? Temos um jardim? Ou ousamos um pouco mais e conseguimos ter aquele tão sonhado sítio? Ah, espero que sim! Mas se não tivermos, espero que tenhamos encontrado algo que valha até mais que isso.
E os amores, Brena querida? Se lembra como isso era difícil na minha idade? Se lembra da sua adolescência dando murros em ponta de faca? Diga pra mim que isto mudou, por favor. Já encontrou aquela pessoa que tanto procurávamos? Já teve aquele belo casamento com o vestido lilás, entrando ao som de A Bela e a Fera que tínhamos planejado? Já tem um filho ou filha? Se lembra de como sonhávamos em ter dois filhos? O menino, que viria primeiro, se chamaria Murilo. E a doce menininha, uns quatro anos mais nova, se chamaria Alice. Eles já existem além dos nossos sonhos?
Espero que você já tenha encontrado aquele alguém pra chamar de “amor”. Um alguém que realmente mereça esse título. E que ele seja tudo o que sempre sonhamos. Mas se não encontrou, saiba que você ainda vai encontrar alguém capaz de ter medo de te perder. Alguém que não te trocaria por nada neste mundo. Que ele seja mais que a casca que tanto valorizam. Que tenhamos aprendido a valorizar o que realmente importa em uma pessoa: O ser além de sua aparência. E que saibam valorizar isso em nós.
Mas, já que falamos em aparência, como estamos? Emagrecemos finalmente? Duvido muito! HAHAHA!! E o cabelo? Conseguimos deixá-lo crescer? Está melhor consigo mesma agora do que estava há dez anos, enquanto escrevia esta carta? Espero mesmo que sim! Valorize quem você é e ame até seus defeitos. Espero que nossa auto-estima esteja melhor, espero que nossos relacionamentos com o mundo estejam melhores.
E a família? Como está? Meu Deus, o Yuri e a Sthefany devem estar enormes. Ele com 17 e ela com 15. Não consigo nem imaginar. Deram uma festa de 15 anos para ela? Nossa mãe e o Márcio conseguiram se aposentar e comprar a casa em Santa Rita? A Bruna alcançou os objetivos profissionais dela?
E os amigos, Brena? Ainda fala com eles? Não faço questão que mantenha todos aí com você, mas a Rhanna, a Cíntia, o Lucas, a Josy, a Victória, a Larine e a Clarice ainda estão com você? Se não estão, Brena, ligue para eles, os procure! Eles são amigos de verdade e fará bem mantê-los por perto.
Ei, conseguiu ir morar em Juiz de Fora, continuou em Barra Mansa ou os ventos a levaram para outro lugar? Lembre-se que não importa onde você está se estiver feliz e fazendo o que gosta.
Eu realmente espero que tenhamos amadurecido, mas se eu descobrir que você deixou de amar a Disney, deixou de acreditar em milagres, em sonhos, em amores e, principalmente, nas pessoas, Brena, se eu descobrir que você perdeu a fé que nos diferenciava deste mundo tão difícil em que crescemos, além de ficar profundamente decepcionada com o que me tornei, eu juro que vou do passado, do ano de 2011 até aí, em 2021, só pra te dar uma surra.
A vida nos fez quem nós somos. A nossa criação, as experiências que vivemos, as mudanças a que tivemos que nos acostumar, as rejeições, decepções e também tudo de bom que aconteceu moldaram quem somos e devemos sempre ser gratas a Deus por isso. E mesmo que as coisas não tenham acontecido como tínhamos planejado, não perca a fé, por favor. É ela, somente ela, que nos manterá fortes mesmo nos piores momentos.
Ah, Brena, eu espero mesmo que a vida não a tenha machucado tanto, mas se machucou, sei que saberá se levantar dos tombos, se curar das feridas e seguir em frente. Não espero menos de você. Porque, mesmo que eu não saiba demonstrar isso, no fundo confio em você.

Pensei que me sentiria boba ao escrever uma carta para mim mesma, mas juro que não estou me sentindo. Não sei se ao pegar este papel aos 28 anos, me lembrarei do que se trata. Não sei se sentirei saudades da época em que escrevi estas linhas, mas se isso funcionar, e estas palavras forem lidas por mim daqui 10 anos, espero que meus valores não tenham mudado, apesar de tudo. Esta carta é um presente, é um laço que você, Brena aos 28 anos, terá com quem você era aos 18.
Hoje é dia 23 de Junho de 2011, a família está em Santa Rita e eu e a Bruna estamos sozinhas em casa.
Fiquei chateada por ter passado um bom tempo sozinha enquanto ela ia a uma festa, e quando ela chegou, as coisas pioraram. Estou triste e me sentindo só. Sentindo que só tenho a mim mesma para conversar e para me fazer companhia neste momento. Entenda e perceba, Brena, que a sua principal amiga sempre foi você mesma. Ame a si mesma. E valorize seus sonhos, lute por eles... Confio em você!

Um beijo enorme!
Estou louca para conhecê-la, mas viverei intensa e pacientemente cada dia até lá.

Brena Lacerda Furtado Pereira, 18 anos
23/06/2011

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"É preciso ter força para esconder os próprios males, mas é preciso coragem para demonstrá-los"

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