Porque grandes garotas não choram. Elas escrevem.

Carta de alguém que quer amar sem jogos

segunda-feira, 17 de junho de 2013

São coisas lindas que eu tenho pra te dar
 Por Brena Lacerda

Eu não entendo de jogos. Nunca fui de praticar esportes e nem sei jogar videogame. Do Mário Bros ao Mortal Kombat, passando pelo futebol e pelo xadrez, eu não entendo uma única tática. Na vida não é diferente. Só consigo me relacionar com pessoas que deixam seu manual de instruções a mostra. Não sei ler as entrelinhas e nem reconhecer os sinais. Talvez por isso eu seja tão entregue, tão transparente e me dê tão mal com quem não é. A triste verdade é que nem 10% do mundo é como eu.

Os amigos tentam me ensinar a não demonstrar tanto interesse, a ser mais misteriosa, a não me fazer tão disponível, mas não sei ser alguém diferente da minha essência. E, não ligar quando sinto saudades para deixar que a pessoa sinta a minha falta é, de fato, algo que não faz parte de mim.

Você chegou anunciando calmaria, mas, com sutileza, tem sacudido o meu mundo. As tempestades interiores que me causa são acionadas pelo toque de seus dedos, palmas e lábios. E o terremoto acontece apenas com uma música simples, que eu não paro de ouvir desde que você dedicou-a a mim. Todo dia, em algum momento, eu penso em você. E não seria tão mais simples se eu pudesse sinceramente te dizer isso, sem ter medo de que você ache que estou forçando as coisas ou indo rápido demais? Sem jogos ou regras, não seria tão mais bonito, se eu pudesse responder a esta música com tantas outras que me lembram de você, sem ter que me preocupar se há mais de você em mim do que de mim em você? Não seria o mundo um lugar mais aconchegante se pudéssemos falar de dores, sonhos e sentimentos sem ter que respeitar os protocolos sociais impostos por alguém que inventou isso tudo sem saber absolutamente nada sobre nós ou o que sentimos na presença (ou ausência) do outro?

Um amigo me contou certa vez que terminou um namoro porque a menina vivia lhe escrevendo cartas e ele tinha preguiça de lê-las. Bom, trocar cartas é uma das últimas demonstrações sinceras de afeto que existem no mundo. Tão rara quanto um beija flor nesses dias. Mais tarde, conversando com a menina, descobri que ela era muito tímida e que a terapeuta a havia aconselhado a se declarar através de cartas. Todo o seu coração estava ali, dedicado em linhas a alguém sem sensibilidade para apreciá-lo. Perguntei se ela se arrependia de tê-las escrito e ela disse que não. E por que deveria?

Se o grude sufoca, duvido que sufoque tanto quanto a incapacidade de se expressar em palavras. Portanto, há algum tempo me proibi de jogar sempre pelas regras dos outros, permitindo que alguém suprima minha voz. Que o sentimento não me cale mas, pelo contrário, me dê ainda mais voz.

Você é bem-vindo em minha vida. Eu aprendo a jogar videogame, a dançar e começo a sair mais para te fazer feliz. Tenho apenas três pedidos: que nosso caminho seja feito enquanto caminhamos, sem sofrimentos antecipados; se você vier, venha inteiro; e, por último, que sempre nos lembremos de que os sentimentos não existem pra ficarem presos no peito.

1 vozes:

Unknown 20 de setembro de 2013 às 09:51  

really. a. good. piece. of. writing.!
i. like . it

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"É preciso ter força para esconder os próprios males, mas é preciso coragem para demonstrá-los"

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